Sedentarismo compromete reabilitação e agrava doenças, alertam especialistas
Pacientes em reabilitação são vulneráveis aos impactos do sedentarismo, que pode retardar recuperação muscular e comprometer a funcionalidade física

Neste Dia Nacional de Combate ao Sedentarismo, 10 de março, data criada para conscientizar a população sobre os perigos desse estilo de vida comum entre os brasileiros, especialistas alertam como a falta de atividade impacta na reabilitação de doenças.
O fisioterapeuta Francimar Ferrari, coordenador de fisioterapia da Clínica Florence Unidade Recife, lembra que o sedentarismo é um fator de risco para qualquer indivíduo e pode agravar condições clínicas.
"O paciente com histórico de comportamento sedentário vai apresentar, em geral, baixa reserva osteoneuromuscular, cardiorrespiratória e um maior prejuízo na função imunológica", explica Francimar.
O fisioterapeuta reforça ainda que o sedentarismo está naturalmente associado a diversos riscos de saúde, como obesidade, diabetes tipo 2, hipertensão arterial e doenças cardiovasculares. Rafael Bezerra da Silva
Pacientes com mais comorbidades e maior fragilidade tendem a apresentar maior fadiga e menor engajamento ao programa de reabilitação.
Pacientes em reabilitação ou cuidados paliativos são especialmente vulneráveis aos impactos do sedentarismo, que pode retardar a recuperação muscular, comprometer a funcionalidade física e agravar a sarcopenia e a fraqueza generalizada.
Outros malefícios para esses pacientes são o agravamento da imobilidade, a intensificação da dor muscular e articular, além do desenvolvimento da obesidade.
Benefícios da atividade física
A prática de exercícios físicos oferece inúmeros benefícios para pessoas de todas as idades. No caso de pacientes em reabilitação, destacam-se a preservação da autonomia funcional, a prevenção de complicações decorrentes da imobilidade e a redução do risco de doenças cardiovasculares e crônicas.
O fisioterapeuta Francimar Ferrari reforça ainda que é possível reverter parcialmente os efeitos do sedentarismo nos pacientes em diversos estágios de reabilitação por meio de uma abordagem estruturada e individualizada.
"É fundamental que esses pacientes sejam incentivados a realizar atividades físicas adequadas a sua condição, sempre sob supervisão de profissionais de saúde, como fisioterapeutas. Exercícios funcionais podem melhorar a saúde clínico-funcional e a qualidade de vida", diz. Ele complementa que pessoas mais ativas, em processo de reabilitação, têm menor risco de ter maiores complicações e tendem a se recuperar de forma mais célere e efetiva.
Para os pacientes em reabilitação, um programa progressivo e diversificado de exercícios promove avanços graduais na carga e na complexidade das atividades, desde que sejam respeitadas as limitações de cada um.
Esse programa deve contemplar ainda um monitoramento constante para garantir que os objetivos sejam realistas e alcançáveis e possibilitem autonomia e qualidade de vida.
Apoio da família no processo de reabilitação
Na visão de Francimar Ferrari, a família tem o importante papel de estimular o paciente a participar das atividades cotidianas, além de encorajá-los na adesão das terapias físicas e na realização de tarefas simples, como se levantar para as refeições e tomar banho.
Para isso, os parentes podem ajudar no planejamento de atividades físicas que façam sentido para o paciente, além de possibilitar tarefas mais lúdicas e atividades estruturadas com sua rotina ocupacional.
O fisioterapeuta ressalta a importância de eliminar as barreiras físicas para facilitar a mobilidade e, em alguns casos, o uso de dispositivos físicos nessas atividades, como cadeira de rodas ou andador.
"Manter o paciente ativo requer paciência, criatividade e parceria com o time de reabilitação. O objetivo não é a intensidade, mas a constância e a integração dos movimentos à rotina", ressalta o especialista.
"Dessa maneira, pequenos gestos, como tarefas domésticas ou caminhar até a janela, já contribuem para reduzir o sedentarismo e melhorar a independência funcional e qualidade de vida do paciente", finaliza.